Devido à seca do Rio Purus, o município acreano de Santa Rosa do Purus, na fronteira com o Peru, está desabastecido de combustível e alguns alimentos. Os itens levam até 10 dias para chegar ao município de barco, a partir da ponte do Rio Purus, na BR-364 e só barcos de 4 mil quilos conseguem chegar à cidade. Com o Purus cheio, a média da viagem de barco da ponte ao município é de 4 dias. Agora no verão Amazônico, são 10 dias.
O prefeito reeleito do município, Tamir de Sá, mostrou
nessa quinta-feira, 31, o porto da cidade com embarcações grandes encalhadas no
local há seis meses devido à falta de água no Rio Purus, para a navegação. Uma
solução viável, de acordo com Sá, seria a abertura de uma estrada ligando Santa
Rosa a BR-364, nas proximidades de Manoel Urbano. A obra ainda depende de
vários estudos ambientais.
“Estamos aqui na beira do Purus pedindo socorro às
autoridades maiores, a Brasília, o nosso governador, deputados, todo mundo. O
rio já está há mais de cinco meses nessa situação e agora se agravou muito
mais. Nós estamos sem combustível na cidade e há mais de 10 dias está faltando
mercadoria na nossa cidade, as pessoas estão com dificuldade de tudo aqui.
Então, o que nós pedimos? Que as pessoas, as autoridades, os deputados e o
nosso governador, que dê um apoio ao nosso município nessa parte da estrada que
tanto precisamos. Essas balsas estão aqui já há seis meses sem poder sair da
cidade porque não tem água no rio. Eu nunca tinha visto uma seca tão grave
desse nosso rio que nunca ficou nessa situação que está. Tem vídeo aqui de
barco já há 10 dias no rio. Vai chegar aqui depois de vinte dias, quinze dias.
Combustível já estão com 10 dias e, possivelmente, só daqui mais cinco dias”,
relata o prefeito.
A solução tem sido a “baldeação” de mercadorias dos barcos
maiores para os menores, para levar itens mais urgentes em Santa Rosa. “Já
estamos andando em canoinha pequena para socorrer o barco para trazer
combustível porque a cidade não tem mais gasolina. Então, os barcos que estão
andando aqui são canoinhas de quatro mil quilos e com dificuldade para chegar
até aqui, entendeu? É por isso que tanto nos interessa nessa estrada, pela
dificuldade que nós estamos passando de viver numa cidade que está no caso de
situação de emergência mesmo. A população está pedindo socorro porque está
faltando tudo na nossa cidade e não tem outra coisa a fazer, a não ser pedir
socorro às autoridades e pedir chuva para que o nosso rio encha. Por isso que
nós tanto queremos essa estrada. Nós sabemos que cada vez pode ficar pior a
situação, a gente pede socorro às autoridades que nos ajude nessa situação
dessa estrada”, pediu.
A jornalista Sandra Brito, moradora de Santa Rosa, diz que
normalmente, em todo verão Amazônico, o município fica sem combustível. Além
disso, parte dos itens que chegam ao município é levada para duas localidades
peruanas, que ficam nas proximidades de Santa Rosa.
“Isso acontece porque no verão o barco reduz pela metade a
quantidade de combustível que traz. O que aconteceu? Santa Rosa fornece
combustível e alimentos, tudo para Porto Esperança e Palestina, um município e
uma vila peruana, vizinho de Santa Rosa. E aí chegou combustível semana
passada, só que como Esperança usou e Santa Rosa usou, acabou. Na verdade, tudo
que vem para cá é dividido entre nós e o Peru”, relata.
Santa Rosa do Purus, no Acre, tem 6.723 habitantes e as
duas cidades peruanas vizinhas do município acreano, Porto Esperança e
Palestina, somam 5 mil habitantes. Eles despendem das mercadorias brasileiras
disponíveis em Santa Rosa para sobreviver.
Por Sandra
Assunção, AC24 Horas