Brasil não reconheceu, nem contestou resultado das eleições. Itamaraty afirma que acompanha com atenção o processo de apuração dos votos na Venezuela.
Ainda mantendo silêncio, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva irá conversar, nesta terça-feira, 30, às 15h30, com o presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, para tratar sobre a eleição presidencial na
Venezuela, que ocorreu no último domingo, 28, marcada por suspeita de fraude. O
telefonema ocorre em meio ao aumento de tensão na América do Sul, após a proclamação
da reeleição de Nicolás Maduro sem apresentar as atas de urna.
Na segunda-feira, 29, o assessor
especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, conversou
com Maduro e com o candidato da oposição no pleito, Edmundo González. Na
conversa com Maduro,
Amorim pediu ao ditador que divulgue o quanto antes as atas de votação das
eleições. O líder venezuelano disse a Amorim que só não divulgou as atas porque
houve um "ataque hacker" durante a apuração, mas prometeu publicá-las
nos próximos dias.
Lula ainda não se manifestou sobre as eleições na
Venezuela. Segundo integrantes do governo, a gestão federal ainda está em
conversas com representantes venezuelanos e observadores eleitorais para
elaborar uma declaração.
Na segunda-feira, 29, o Palácio Itamaraty divulgou uma nota
dizendo acompanhar "com atenção" o processo de apuração das eleições
na Venezuela. O governo brasileiro reafirmou o princípio fundamental da
soberania popular e disse aguardar publicação do Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) dos dados desagregados por mesa de votação que, segundo a gestão, é passo
"indispensável" para dar legitimidade ao resultado do pleito.
Amorim seguiu na mesma linha e cobrou transparência no
processo eleitoral da Venezuela. O assessor, contudo, afirmou que não irá
endossar "nenhuma narrativa de fraude" nas eleições presidenciais.
O assessor foi enviado na sexta-feira, 26, ao país vizinho
para acompanhar o pleito. Ele retorna nesta terça-feira ao Brasil e pode se
reunir com Lula ainda hoje para tratar sobre o assunto.
Mesmo com o silêncio de Lula, o PT, partido do chefe do
Executivo, divulgou nota na noite de segunda exaltando as eleições no país
vizinho. Na publicação, feita no site do partido e assinada pela Executiva
Nacional da legenda, a legenda chamou o ditador de "presidente Nicolás
Maduro, agora reeleito" e defendeu que ele "continue o diálogo com a
oposição".
Por Correio Braziliense