Investidores digerem falas de Lula sobre responsabilidade fiscal e aguardam reunião com ministros
O dólar teve forte queda ante o real e o Ibovespa engatou a
terceira alta seguida nesta quarta-feira (3), com alívio interno após o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitar novos ataques ao Banco Central
(BC) e à política monetária e reiterar compromisso com a responsabilidade
fiscal.
A sessão ainda marcada por expectativa sobre uma reunião
dele com a equipe econômica, que deve ocorrer a partir das 18h.
O cenário também é favorecido pelo cenário internacional,
com investidores digerindo dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados
Unidos e a ata
da última reunião do Federal Reserve (Fed), indicando que a economia está
em desaceleração.
O dólar encerrou a sessão com perda de 1,72%, negociado a
R$ 5,569 na venda, em linha com a desvalorização da divisa norte-americana ante
a cesta de moedas fortes.
Na véspera, o dólar chegou a bater R$ 5,70, mas recuou para
fechar em R$ 5,666.
Apoiado pela Vale (VALE3), o Ibovespa encerrou a sessão com
avanço de 0,7%, aos 125.661 pontos, melhor patamar desde o fim de maio.
Desde meados de junho, antes do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central decidir manter a taxa Selic em 10,5% ao ano,
Lula vinha criticando quase que diariamente o nível dos juros, o mercado
financeiro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e as propostas de corte de
gastos para ajuste fiscal.
Daquela data até terça-feira, Lula disparou suas críticas
em 8 de 11 dias úteis, o que fez o dólar e as taxas futuras saltarem no Brasil,
com o mercado chegando a precificar nos últimos dias a possibilidade de o BC
subir a Selic já neste mês.
Nesta quarta-feira, Lula decidiu interromper as críticas e,
em movimento contrário, afirmar que a responsabilidade fiscal é um compromisso
de seu governo.
“A gente vai ter uma política econômica sem causar
sobressalto a ninguém, a gente vai ter uma política econômica que vai fazer
esse país crescer, a gente vai continuar fazendo transferência de renda, e a
gente ao mesmo tempo vai continuar com a responsabilidade que nós sempre
tivemos”, disse Lula em evento no Palácio do Planalto.
A pauta brasileira também mostrou que a produção industrial
retraiu em maio pelo segundo mês seguido, impactada pelas chuvas no Rio Grande
do Sul e com destaque para os setores automotivo e alimentício, mas as quedas
de 0,9% ante abril e de 1% ano a ano foram menores do que as previsões no
mercado.
Alívio global
O viés positivo dos índices brasileiros também foram
influenciados pelo cenário internacional, após que dados
do mercado de trabalho nos EUA vieram abaixo do esperado.
O bom humor foi reforçado pela ata da última reunião do
Federal Reserve (Fed), indicando que a economia dos Estados Unidos parece estar
desacelerando e que “as pressões sobre os preços estão diminuindo”.
Apesar do tom positivo, a autoridade ainda citou uma
abordagem de “esperar para ver” antes de se comprometerem com cortes na taxa
básica de juros, de acordo com a ata da reunião de dois dias realizada em 11 e
12 de junho.
Por CNN