Presidente russo e líder norte-coreano se reuniram em encontro que gerou preocupação no Ocidente
Os líderes da Coreia do Norte e da Rússia assinaram um
acordo nesta quarta-feira (19) que aprofunda sua
cooperação militar para incluir uma promessa de defesa mútua para ajudar um ao
outro em caso de ataque, com Kim Jong Un chamando os novos laços de “aliança”.
Kim falou em uma rara entrevista coletiva após reunião com o
presidente Vladimir Putin em Pyongyang, anunciando a assinatura de uma
“parceria estratégica abrangente” que, segundo o líder russo, inclui elementos
defensivos.
“O acordo de parceria abrangente assinado hoje prevê, entre
outras coisas, a assistência mútua em caso de agressão contra uma das partes
desse acordo”, disse Putin, que estava fazendo sua primeira visita à Coreia do
Norte em 24 anos.
A visita de Putin, que provavelmente
reformulará décadas de relações entre a Rússia e a Coreia do Norte em um
momento em que ambas enfrentam isolamento internacional, está sendo observada
de perto por Seul
e Washington, que expressaram preocupação com seus crescentes laços militares.
A reação da China, principal benfeitor
político e econômico da Coreia do Norte e um aliado cada vez mais importante
para Moscou, foi discreta.
Kim disse que o pacto expandirá a
cooperação nas áreas de política, economia e defesa, chamando-o de
“estritamente amante da paz e defensivo” por natureza.
“As relações entre nossos dois países
foram elevadas ao novo nível superior de uma aliança”, afirmou Kim.
No início da cúpula, Kim expressou
“apoio incondicional” a “todas as políticas da Rússia”, incluindo “apoio total
e aliança firme” à guerra de Putin com a Ucrânia.
Putin disse que Moscou estava lutando
contra a política hegemônica e imperialista dos Estados Unidos e seus aliados,
informou a mídia russa.
“Apreciamos muito o seu apoio
consistente e inabalável à política russa, inclusive na direção da Ucrânia”,
afirmou Putin, segundo a agência de notícias estatal russa RIA, no início das
conversas.
A Rússia foi atingida por sanções
ocidentais lideradas pelos EUA depois que Putin lançou uma invasão em grande
escala da vizinha Ucrânia em fevereiro de 2022, no que Moscou chamou de
“operação militar especial”.
Apoio inabalável
Putin, que havia recebido Kim em uma
cúpula em setembro no Extremo Oriente russo que acelerou a cooperação militar
entre os dois países, teve uma recepção luxuosa em Pyongyang.
Uma guarda de honra, incluindo soldados
montados, e uma grande multidão de civis se reuniram na Praça Kim Il Sung, às
margens do Rio Taedong, que atravessa a capital. A cena incluía crianças
segurando balões e retratos gigantes dos dois líderes com bandeiras nacionais
adornando o prédio principal da praça.
Kim e Putin seguiram para o Palácio
Kumsusan para as conversas de cúpula.
Mais cedo, Kim disse que o ambiente de
segurança cada vez mais complicado em todo o mundo exigia um diálogo
estratégico mais forte com a Rússia.
“E eu quero reafirmar que apoiaremos
incondicional e inabalavelmente todas as políticas da Rússia”, afirmou Kim a
Putin.
A Coreia do Norte “expressa total apoio
e solidariedade ao governo, ao Exército e ao povo russo na realização de uma
operação militar especial na Ucrânia para proteger a soberania, os interesses
de segurança, bem como a integridade territorial”, disse ele.
A Rússia tem usado seus laços de
amizade com a Coreia do Norte para irritar Washington, enquanto a Coreia do
Norte, fortemente sancionada, ganhou apoio político e promessas de apoio
econômico e comercial de Moscou.
Os Estados Unidos e seus aliados dizem
temer que a Rússia possa fornecer ajuda para os programas nuclear e de mísseis
da Coreia do Norte, que são proibidos pelas resoluções do Conselho de Segurança
da ONU, e acusaram Pyongyang de fornecer mísseis balísticos e projéteis de
artilharia que a Rússia usou em sua guerra na Ucrânia.
Moscou e Pyongyang negaram a
transferência de armas.
Por CNN