Ministra tem manifestado preocupação com uma possível influência do crime organizado na escolha dos candidatos
A nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
ministra Cármen Lúcia, quer atuar para garantir a liberdade de voto aos presos
provisórios do país, que têm direito de participar das eleições.
A preocupação da ministra é com uma
possível interferência do crime organizado – historicamente infiltrado nos
presídios brasileiros – na escolha dos candidatos pelos eleitores.
Cármen tem dito a auxiliares próximos
que é preciso atenção para que ninguém seja coagido a votar, por exemplo, em
candidatos ligados à milícia ou às próprias facções que dominam os presídios.
A ministra fez uma comparação com as
“fake news” – se a desinformação pode interferir na liberdade do voto do
eleitor em geral, essa liberdade também deve ser assegurada evitando pressões
dentro dos estabelecimentos prisionais.
O TSE regulamentou as eleições nos
presídios em uma resolução editada em 2010, com base no princípio
constitucional de universalizar o direito ao voto.
A medida vale apenas para presos
provisórios, ou seja, aqueles que estão privados de liberdade de forma
preventiva ou ainda estão recorrendo de suas sentenças.
Também vale para adolescentes do
sistema socioeducativo, uma vez que os eleitores brasileiros estão aptos a
emitir o título a partir dos 16 anos de idade.
No caso dos adultos, quando a
condenação “transita em julgado”, ou seja, é definitiva, sem possibilidade de
novos recursos, o direito ao voto é cassado e a pessoa não participa mais das
eleições.
Em 2022, aproximadamente 12,6 mil
presos provisórios e adolescentes do sistema socioeducativo estavam aptos a
votar.
A organização das seções eleitorais
cabe aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) – Cármen se reuniu nesta
terça-feira com os presidentes de 24 deles.
Os detentos provisórios representam 44%
da população prisional do país – são cerca de 404 mil pessoas, de um total de
909 mil, segundo os dados mais recentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Por CNN