STF e PT querem controlar redes, o que não significa que bolsonarismo, apoiado pelos 'Twitter files', tem apreço pela democracia
Neste fim de semana, Elon Musk atirou uma isca na pocinha
lamacenta em que se transformou a democracia brasileira, por obra e graça do
bolsonarismo, do petismo e do “supremismo” –
cada um com suas próprias tentações autoritárias.
Musk acusou Alexandre de Moraes de promover censura no X, a
sua rede social, e anunciou que liberaria contas que estão bloqueadas por ordem
do ministro do STF. Ou seja, disse que sua empresa passaria a desobedecer a
ordens do judiciário brasileiro. Ele também sugeriu que
o ministro sofra impeachment.
Tudo isso, depois de entregar para um jornalista americano
e dois brasileiros material interno do X, mostrando como a Justiça interagiu
com a empresa nos anos que antecederam as eleições de 2022. Segundo Michael
Shellenberger, o repórter americano, os “Twitter
files” mostrariam que o Brasil “está à beira de uma ditadura
totalitária”.
Ação e reação
O bolsonarismo exultou. O próprio Jair Bolsonaro saudou
Musk como “um mito da
liberdade”. Os petistas se indignaram. Voltaram a falar em projetos
de regulamentação das redes sociais. A expectativa, ou mesmo a torcida de muita
gente, dos dois lados da cerca, era que Moraes mandasse tirar o X do ar.
O próprio Musk parecia contar com esse desfecho, visto que
logo de saída falou em fechamento do escritório da empresa no Brasil e apontou
aos usuários vias alternativas para continuarem lendo e fazendo postagens no
site, caso ele saísse do ar.
Acontece que Alexandre de Moraes não mordeu completamente a
isca. Ele incluiu
Musk nos inquéritos que conduz no STF, dizendo que o bilionário
passou a atuar na “instrumentalização
criminosa” de sua rede social para incitar atividades
antidemocráticas no Brasil. Além disso, estabeleceu uma multa diária salgada
para cada perfil proibido que volte a funcionar. Mas não impediu o X de
continuar operando.
A semana começa assim. Com o Brasil completamente
mergulhado na sua infelicidade política.
Por Carlos Graieb, O Antagonista