Ministra Nísia Trindade esteve em Ribeirão Preto para celebrar acordo com Instituto Butantan e Fundação Hemocentro, além de inaugurar Projeto Genomas SUS
Aministra da Saúde, Nísia Trindade, celebrou, nesta
segunda-feira (25), convênio com a Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (SP)
para o desenvolvimento de projetos para uso de células CAR-T no tratamento do
câncer no Brasil. Foram investidos R$ 100 milhões na pesquisa que tem prazo de
execução de 34 meses.
A Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, em conjunto com o
Instituto Butantan e a Universidade de São Paulo, é uma das pioneiras na
produção dessa terapia em solo nacional. O convênio visa não apenas ao
desenvolvimento, mas também à implementação de um sistema de qualidade que
garanta a segurança e eficácia dos procedimentos.
“Esse estudo clínico permitirá fazer chegar à população um
tratamento revolucionário para tipos de câncer como linfomas, leucemia aguda e
outras doenças. Essa tem que ser a visão maior da ciência e tecnologia no SUS.
Salvar vidas, garantir essas condições para os pacientes, o que representa
também uma economia muito importante para que possamos abranger novos
tratamentos”, disse a ministra.
As terapias com células CAR-T utilizam as próprias células
imunológicas do paciente, modificadas geneticamente, para atacar as
cancerígenas. Apesar de representarem um avanço revolucionário, demonstrando
uma eficácia superior a 80% em pacientes em estágio terminal, as terapias de
células CAR-T são inacessíveis para a maioria da população por seus custos
proibitivos, excedendo US$ 350 mil por dose. O preço elevado cria uma
disparidade acentuada no acesso, especialmente para pacientes de regiões de
baixa e média renda.
Essa abordagem, aprovada pela Food and Drug Administration
(FDA) em 2017, agora é foco de investimentos do Ministério da Saúde, no âmbito
do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e do novo Programa de
Aceleração do Crescimento (Novo PAC). Com a produção local, o tratamento
poderia ser disponibilizado gratuitamente à população brasileira. A
nacionalização da produção, insumos e mão de obra reduzem consideravelmente o
custo para a fabricação das células CAR-T. A Perspectiva de que os valores de
custo ofertado do produto celular para tratamento ao SUS seja em torno de 10 a
15% do valor do produto já aprovado para comercialização no Brasil.
A terapia com células CAR-T pode impactar na redução do uso
de remédios para a dor, da necessidade de sessões de quimioterapia e suas
complicações, trazendo qualidade de vida aos pacientes sem mais alternativas
terapêuticas ou que sofrem com a recorrência do câncer após terapias
anteriores. As células CAR-T permanecem ativas no organismo por um longo
período e têm potencial de remissão total do câncer em pacientes que não
respondem aos tratamentos convencionais.
Inovação para tratamento de câncer
Ainda nesta segunda-feira (25), a ministra Nísia Trindade
participou da inauguração do Projeto Genomas SUS em Ribeirão Preto (SP). Com
investimento de R$ 80 milhões para o período de um ano, a pesquisa pretende
caracterizar aspectos genômicos que impactam o processo saúde-doença dos
brasileiros.
“É impressionante a qualidade do projeto. É uma emoção ver o
conhecimento científico e da genômica aplicados ao Sistema Único de Saúde (SUS)
de forma que cada vez mais vai permitir o que chamamos de uma saúde pública de
precisão”, afirmou a ministra durante o ato.
A iniciativa possui eixos temáticos que incluem doenças de
relevância para o SUS, como câncer, doenças infecciosas, doenças
cardiovasculares, neurológicas, endócrino-metabólicas, autoimunes,
hematológicas e raras, assim como temas relevantes para o cuidado em saúde como
envelhecimento e resposta a fármacos.
O projeto gerará sequências completas para a formação do
banco nacional de dados genômicos e clínicos do Programa Genomas Brasil, refletindo a diversidade étnica e
regional dos brasileiros. A princípio, é previsto o sequenciamento do genoma
completo de 21 mil brasileiros.
Projetos de imunoterapia
Na terça-feira (26), a ministra da Saúde, Nísia Trindade,
vai ao Rio de Janeiro onde participa do lançamento da estratégia para terapias
avançadas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A iniciativa beneficiará
pacientes com doenças oncológicas, infecciosas e genéticas atendidos pelo
SUS.
A estratégia prevê a transferência de tecnologia entre a
estadunidense Caring Cross e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
(Bio-Manguinhos/Fiocruz) para a produção de células CAR-T e vetores
lentivirais. A ação representa também um avanço na parceria com o Instituto
Nacional de Câncer (Inca), que realizará os ensaios clínicos para cânceres
hematológicos.
Por Ministério da Saúde