O tenente-brigadeiro
do ar Carlos de
Almeida Baptista Júnior (foto), ex-comandante da Aeronáutica, confirmou à
Polícia Federal que o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do
Exército, ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso ele
colocasse em prática um golpe de Estado para impedir a posse de Lula (PT),
registrou a Folha
de S.Paulo.
“Depois de o
presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o
regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO
ou estado de defesa ou estado de sítio), o então comandante do Exército,
general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o
presidente da República”, disse o ex-comandante da FAB em depoimento à PF.
Baptista Júnior também afirmou à PF que
Bolsonaro ficou “assustado” com o comunicado do
ex-comandante do Exército.
Como se posicionaram os comandantes das
Forças Armadas?
Segundo o jornal, a ameaça de Freire Gomes
foi relatada no mesmo contexto em que Baptista Gomes narrou como ele e o
comandante do Exército se posicionaram contra a minuta de golpe apresentada por
Bolsonaro.
Almir Garnier Santos,
ex-comandante da Marinha, por sua vez, colocou as tropas à disposição para a
implementação de teses jurídicas de GLO, estado de sítio e estado de defesa.
“Em outra
reunião dos comandantes das Forças com o então Presidente da República, o
depoente deixou evidente a Jair Bolsonaro que não haveria qualquer hipótese do
então presidente permanecer no poder após o término do seu mandato. Que deixou
claro ao então presidente Jair Bolsonaro que não aceitaria qualquer tentativa
de ruptura institucional para mantê-lo no poder”, disse Baptista Gomes.
As iniciativas de Bolsonaro na trama golpista
Em depoimento à PF, em 1º de março, o general Marco
Antônio Freire Gomes relatou diversas reuniões e iniciativas de Jair Bolsonaro para
tentar anular as eleições daquele ano.
Segundo a revista Veja, o general falou sobre
a reunião de 7 de dezembro de 2022 com a alta cúpula das Forças Armadas no
Palácio do Alvorada, mencionada pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid em seu
acordo de delação premiada.
Nessa reunião, Bolsonaro “apresentou
a eles a ideia de decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem
(GLO) e de sacar elementos extremados como o Estado de Defesa e
o Estado de Sítio para se contrapor à realidade expressa nas urnas”.
“Freire
Gomes relata que Bolsonaro revelou que, àquela altura, ‘o documento estava em
estudo’ e que eles seriam convocados posteriormente para tomarem conhecimento
da ‘evolução’ das discussões antirrepublicanas”, acrescenta a revista.
Em uma segunda reunião, “convocada dias
depois”, envolvendo os três comandantes das Forças
Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, “Jair
Bolsonaro detalhou uma versão atualizada do documento, mantendo medidas
extremas, como a decretação de um Estado de Defesa, e anunciando a criação
de uma Comissão de Regularidade Eleitoral para ‘apurar a conformidade e a
legalidade do processo eleitoral’”.
Por Redação O Antagonista