Fugitivos de Mossoró "estão cercados", diz ministro


Afirmação é de Ricardo Lewandowski, apesar de os dois foragidos da penitenciária de segurança máxima driblarem as forças policiais que os perseguem há quase um mês.

O ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, afirmou, ontem, que os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró "estão cercados" pelas forças de segurança. Ele frisou que existem "fortes indícios" de que Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, e Rogério da Silva Mendonça, de 35, ainda estejam na região do complexo prisional.

"É muito positivo o fato de que não conseguiram escapar desse perímetro, o que explica o relativo êxito que eles têm ao escapar desse cerco. Estão cercados. Não fossem as forças, teriam se evadido para outros estados e até a centenas de quilômetros", disse. Deibson e Rogério há quase um mês conseguem escapar de um contingente de mais de 500 policiais de forças de segurança estaduais e municipais.

Segundo Lewandowski, os fugitivos estão recebendo ajuda externa e, por isso, ainda não foram capturados. O ministro deu a entender de que há uma rede criminosa de auxílio a Deibson e Rogério. Até o momento, sete pessoas foram presas acusadas de colaborar na fuga e os dois homens estariam recebendo roupas e alimentos.

Ao ser questionado sobre gastos com a operação de recaptura, o ministro não divulgou valores. "Não podemos deixar a população desamparada, o que justifica o número de agentes de segurança que temos aqui", observou.

Em Mossoró, o ministro participou de uma reunião para tratar do caso na delegacia da Polícia Federal (PF) e, na sequência, participou de um sobrevoo no perímetro de busca dos dois foragidos. Nesses quase 30 dias, os criminosos invadiram uma residência, na qual fizeram os moradores reféns por aproximadamente oito horas para, depois, fugirem.

Fronteiras

Lewandowski esteve no Rio Grande do Norte em 18 de fevereiro, quando afirmou que não havia prazo para que a recaptura de Deibson e Rogério fosse feita. A maior preocupação das forças de segurança é que os fugitivos consigam cruzar a fronteira do estado — o que tornaria a recaptura uma tarefa ainda mais complexa.

Nas últimas horas, houve uma intensa movimentação policial no município de Badaúna, vizinho a Mossoró, a fim de buscar pistas que possam ajudar na perseguição à dupla. Moradores relataram terem visto Deibson e Rogério e buscas nas áreas urbana e rural foram realizadas.

A dupla faz parte da facção Primeiro Comando Capital (PCC), considerada a maior organização criminosa do país e com braços operacionais nas regiões Norte e Nordeste. A fuga de Deibson e Rogério colocou em xeque o sistema penitenciário federal de segurança máxima — até então considerado intransponível. Os criminosos saíram por uma abertura na parede, usada para acoplar a luminária da cela. A penitenciária de Mossoró é classificada como uma das cinco "supermax".

Porém, a demora na recaptura dos dois foragidos vem trazendo desconforto a setores do governo. Primeiramente, porque segurança pública é um setor que até a gestão do ex-ministro Flávio Dino vinha sendo tratada como prioridade. Em segundo, dá argumentos aos adversários do governo no Congresso e nas disputas eleitorais municipais de que os governos petistas não têm estratégias para combater a criminalidade.


Por Renato Souza, Correio Braziliense


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